Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) estão testando uma técnica inovadora para o tratamento do câncer de mama chamada crioablação. Este procedimento minimamente invasivo utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir células cancerígenas, apresentando resultados promissores nos estudos iniciais.
A crioablação consiste na inserção de uma agulha fina na região afetada, através da qual é aplicado nitrogênio líquido a temperaturas em torno de -140°C. Essa aplicação forma uma esfera de gelo que destrói as células tumorais. O procedimento é realizado em ambiente ambulatorial, com anestesia local, permitindo que as pacientes retornem para casa no mesmo dia, sem necessidade de internação ou repouso prolongado.
Na primeira etapa do estudo, participaram 60 pacientes com tumores de até 2,5 cm que tinham indicação para cirurgia. Os resultados foram promissores:
Tumores menores que 2 cm: A crioablação eliminou completamente o câncer em 100% dos casos.
Tumores entre 2 e 2,5 cm: A técnica foi eficaz em 92% dos casos, com 8% apresentando pequenos focos residuais da doença após o procedimento.
Em todos os casos, foi realizada uma cirurgia conservadora da mama após a crioablação para remoção do quadrante afetado e dos linfonodos axilares, conforme o padrão no tratamento do tumor mamário.
Os pesquisadores agora se preparam para a última fase da pesquisa, que será realizada entre março de 2025 e 2027. No total, 700 pacientes serão divididas em dois grupos: metade receberá o tratamento com crioablação, enquanto as demais passarão pela cirurgia tradicional. Nesta etapa, a inclusão será restrita a mulheres acima de 60 anos com tumores de até 2 cm, faixa que apresentou os melhores resultados na fase inicial do estudo.
A técnica já é utilizada em países como Estados Unidos, Japão, Israel e Itália, mas ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado o procedimento, a crioablação para câncer de mama não foi incorporada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que impede a cobertura pelos planos de saúde. Os pesquisadores esperam que, com a popularização do método, o custo do procedimento diminua, tornando-o acessível a mais pacientes e contribuindo para reduzir a fila de espera no SUS.
Para mais informações, acesse o portal da Unifesp: https://portal.unifesp.br/
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